segunda-feira, julho 04, 2011


Reinventar

3

  Era tarde de Novembro em Nova Zelândia, tarde nublada, o céu cinza assustava ainda mais aquela garota que corria bastante apressada, entrou em um prédio, subindo todos os degraus daquela escada, ninguém sabia de onde ela vinha e nem pra onde ela ia ...

  Subiu no mais alto do prédio e ficou ali, sentada, olhando toda a cidade, como uma criança indefesa que não podia contra os seus próprios pensamentos, e lá estava ela, prestes a pular, a dizer adeus e talvez silenciar de vez aquela dor que gritava dentro dela, e que ninguém sabia o porquê ...

  Logo pessoas começaram a observar, chegaram os bombeiros, policiais, imprensa, todos querendo salvar aquela moça, e ao mesmo tempo estavam impotentes diante da situação. E estava ali seu coração, angustiado, de repente, um turbilhão de pensamentos passaram pela sua cabeça, lembranças nostálgicas, algumas dolorosas, outras não, lembrou do seu pai, lembrou de como ele se foi naquele verão e nunca mais voltou, lembrou da sua mãe, de todas as vezes em que se drogou em sua frente enquanto ainda era criança, lembrou daquele rapaz que disse que tudo ia ser diferente, que ia ser um sonho lindo e que desapareceu, a agressividade com que suas lembranças atravessavam seus olhos faziam agora o suor escorrer pela têmpora e derramar enfim a última lágrima, ela decidiu que seria a hora.

  Mas um vento frio soprou em seus cabelos, não era um vento qualquer, era como se ele falasse, como se ela o pudesse ouvir, olhou novamente para o céu e viu como se fosse mágica, o sol se abrir, em meio de todas aquelas nuvens pesadas e negras, olhou para baixo e viu a multidão, pessoas gritando, e agora os bombeiros haviam adentrado o prédio.

  Novamente o vento começou a soprar, e aquela garota escutou uma música, era mesma música que seu pai cantava pra ela todas as noites antes de dormir, lembrou de como eram felizes, a vontade de viver novamente surgiu em seu interior, e ela desistiu de dar fim a própria vida, levantou-se e caminhou em direção a porta que dava acesso às escadas e foi embora, sorrindo, e ninguém ali entendeu, saiu sem dar entrevistas, nem tampouco atenções aos curiosos que ali estavam, mais no mais íntimo ela sabia que poderia reinventar.


(Texto para a 76ª Edição Visual - Bloínquês)

3 comentários:

Sabrina Lobelle disse...

nossaa , gostei do texto *-*

que bom que sempre podemos reinventar mesmo parecendo que não existe mais saída.


obrigada pela visita e volte sempre
siga o Blog para ficar por dentro dos
textos *__*

Grata X3 paz e sucesso.

Anônimo disse...

O texto é bom, só confesso que achei o final meio rápido. Mas é bom!

Lol suzart disse...

aamei o texto, muito bom *o* mesmo com tudo que acontece a vida sempre vale a pena : )

www.docesensations.blogspot.com

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